O relacionamento do homem com o dinheiro e com os bens materiais está em crise e prestes a ser transformado profundamente. Já vivemos essa transição em todo o planeta. Qualquer atividade evolutiva, neste momento, não poderia visar a consertar sistemas ou regimes econômicos, que se encontram em fase final de expressão. É pelo que se vai exprimir um dia aqui no planeta Terra que devemos trabalhar, e não pelo que ainda existe e está se extinguindo.
O processo que vem sendo usado para a circulação do ouro e do dinheiro ainda está ligado à fase em que o planeta tendia a ser cada vez mais material, sólido, concreto. Agora, porém, inicia-se o seu ciclo de progressiva sutilização – o que implica uma mudança de comportamento do homem diante dos bens materiais. Como sabemos, todos os planetas têm uma fase em que gradativamente se materializam, até que chegam ao auge da densidade, como a Terra chegou; iniciam depois outro ciclo, de desmaterialização, até que passem totalmente para os níveis suprafísicos da existência, desaparecendo do plano físico denso.
O grande crescimento do materialismo a que hoje ainda assistimos está, pois, ligado a este final de ciclo. A partir de agora, inicia-se um movimento oposto, cujos sintomas já se podem ver em muitos setores da vida humana. O interesse crescente por fatos suprafísicos, o desenvolvimento da telepatia superior e do pensamento abstrato, a conscientização da meta espiritual do mundo e da humanidade já estão patentes.
É evidente o confronto entre as forças da densidade (o materialismo em todas as suas manifestações) e as forças da nova Terra (a ligação cada vez maior com os mundos suprafísicos). Nos níveis sutis da vida planetária, esse confronto já foi resolvido e não há luta; entretanto, nas três dimensões em que o homem é consciente – física, emocional e mental – ainda existe de modo bem claro. Isto ocorre assim porque esses planos demoram a refletir uma situação real, superior. Nos níveis mais elevados da consciência, por exemplo, cada indivíduo da superfície da Terra já decidiu que caminho seguir: o das energias evolutivas ou o das involutivas. Entretanto, em nível de personalidade, as pessoas nem sempre têm consciência da escolha que fizeram e por isso vivem ainda debates mentais, emocionais e até mesmo físico-etéricos, como se vê pela precariedade do estado de saúde que tantas vezes apresentam.
Conflitos ainda se dão nos níveis psicológicos de um indivíduo porque ele externamente não reconhece que ter os bens materiais para uso próprio, ou para uso estritamente daqueles a que está ligado carmicamente, é uma fase já ultrapassada nos planos internos de sua consciência. Muitos já têm a tendência de usar esses bens não mais para si, mas em função de um plano evolutivo que começam a entrever e conhecer – às vezes intuitivamente, outras, através de sinais externos bem claros.
Antes, porém, que uma pessoa possa ser realmente útil e integre algum plano de obra para o bem da humanidade, é necessário que tenha feito certo trabalho no sentido de transcender o próprio desejo, a própria sensualidade e o próprio pensamento comum. O desejo leva o homem a perseguir e a adquirir o supérfluo; a sensualidade leva-o a interpretar a vida de modo materialista, e o pensamento comum leva-o a seguir fórmulas, conceitos ou experiências anteriores, que muitas vezes de nada servem, pois o Espírito sempre se renova e, portanto, não repete situações quando as lições que elas trouxeram já foram aprendidas.
Extraído do livro “O Novo Começo do Mundo” - Trigueirinho
Editora Pensamento
Págs. 73 a 76
Nenhum comentário:
Postar um comentário