sexta-feira, 24 de agosto de 2012

DA INTERAÇÃO NEGATIVA E INCONSCIENTE À ESCOLHA CONSCIENTE DO AMOR





Neste artigo, procuraremos demonstrar o que a interação psíquica inconsciente entre vocês e os outros significa em termos de perda do amor.

Quando vocês estão apenas vagamente cientes do seu lado negativo, mal percebendo a dor que infligem aos outros, engalfinham-se numa luta de culpa e de autojustificação. Não conseguem deixar de associar os outros – com seus próprios conflitos inconscientes – a esse lado negativo. Por não admitir o lado negativo vocês incorrem em dupla culpa. Primeiro, a culpa pela própria atitude negativa. Podemos chamá-la de culpa primária. Quando vocês não admitem a negatividade, envolvem-se no que podemos chamar de culpa secundária. Se a culpa primária fosse admitida e suas conseqüências verdadeiramente aceitas, ela deixaria de ser culpa. Mas a culpa secundária cala fundo na alma de todos. É uma carga que consome muita energia vital. A negação sempre implica atos prejudiciais, internos ou externos, para com os outros; estes são punidos pelas falhas, intenções negativas, falta de amor, inveracidade, despeito e exigências injustas presentes em vocês.

Se vocês estiverem cientes, por exemplo, de que não querem amar nem fingir o contrário, a responsabilidade é de vocês. Se perceberem que pagam um alto preço por uma existência sem amor, mas preferirem deixar as coisas como estão, pelo menos não estarão envolvendo outras pessoas na culpa de não amar. Ficarão sozinhos, naturalmente, mas por opção; vocês sabem disso e pagam o preço exigido. Subtraem ao mundo a sua maravilhosa capacidade de amar, é verdade e, nesse sentido, vocês falham.

CULPAR OS OUTROS

Mas quando vocês culpam os outros pela falta de amor. mesmo que usem defeitos reais como desculpa, quando vocês os punem pelo resultado da sua própria atitude de desamor e concebem argumentos para justificar o retraimento, vocês fazem mal de verdade.

Este processo é muito difundido, muito comum, e no entanto é tão sutil que só as pessoas possuidoras de uma considerável capacidade de autopercepção podem começar a reconhcê-lo em si mesmas, e, portanto, também nos outros. Esta é uma atitude básica. Existe em muitas variações e com diferentes graus de intensidade. A recusa do amor, quando não admitida, manifesta-se muitas vezes na seguinte atitude: “Não quero dar nada a você – seja quem for esse ‘você’ – mas exijo que você me dê tudo. Caso contrário, vou castigá-lo.” Esta atitude é muito típica. Quanto mais disfarçada e menos conscientemente expressa ela for, tanto mais insidioso será o seu efeito sobre o eu e os outros. É sempre relativamente fácil negar, racionalizar, distorcer, disfarçar ou usar meias-verdades para justificar essa atitude.

Quando vocês se conscientizam dela e conseguem identificá-la nos amigos, o influxo da saúde, do ar fresco e puro da verdade psíquica é instantâneo: vocês se libertam da culpa secundária. Quanto mais vocês trouxerem à tona todos os detalhes da disparidade entre suas exigências e falta de generosidade, de um lado, e, de outro, a punição que aplicam quando essas exigências não são atendidas, tanto mais se libertarão da culpa. Quanto mais claramente conseguirem enxergar a desigualdade entre o que exigem e o que dão, a disparidade entre o modo como gostam de ser tratados e o modo como tratam os outros, e a forma específica escolhida para punir – sempre de modo a não serem apanhados, para fugir à responsabilidade – mais depressa se libertarão de uma carga que provoca depressão, ansiedade, preocupação, sensação de desespero e, muitas vezes, também doenças físicas e frustração material.

Uma das formas mais comuns de punir os outros quando estes não retribuem à falta de generosidade com amor é considerá-los culpados – argumentando de tal forma que eles pareçam ser a causa da sua infelicidade. E vocês podem achar que têm muita razão se preferirem considerar apenas o resultado, o retraimento despeitado. Vocês passam a ignorar deliberadamente o fato de que não é possível conseguir a reação desejada quando a sua própria psique ainda está presa a uma postura negativa e mesquinha diante da vida.

O lado negativo de vocês diz: ”Vou negar a verdade e culpar o outro por não me dar tudo e não me deixar levar a melhor com minhas exigências unilaterais. Se ele ousar reagir, minha punição será detestá-lo e culpá-lo ainda mais.” Aqueles que estão no início do caminho, ou que construíram uma auto-imagem muito idealizada – onde não há espaço para essa verdade – pensarão, a princípio, que é impossível que eles, também possam ter uma atitude igual. A melhor medida para determinar se essa atitude está ou não presente é considerar o estado da mente e das emoções. Se vocês não sentem ansiedade e ficam à vontade com os outros, se a vida está se desenvolvendo a contento, e se vocês encaram as dificuldades eventuais como degraus significativos, já superaram em boa medida essa atitude venenosa. Mas em alguma época ela já esteve presente; foi preciso vencer os obstáculos do orgulho, da importância dada ao disfarce, da covardia.

Quando admitem a malevolência, vocês realizam o mais fundamental ato de amor, quer saibam disso ou não. Se vocês não admitem a intenção negativa, podem dar muita coisa, mas jamais dão aquilo que é real, o que conta mais. Podem dar coisas, dinheiro, fazer o bem, até ter ternura e interesse, mas estas são dádivas quando forem acompanhadas pela dádiva da liberdade, através da admissão honesta do seu lado negativo.

A culpa decorrente das exigências injustas, do despeito, da retirada do amor, e a culpa composta, que nasce quando os outros são castigados pelas desgraças de vocês, corroem a força e a expressão de vocês mesmos. Enfraquecem de verdade. Enquanto mantiverem essa atitude, como vocês poderão ter fé em si mesmos, acreditar na própria dignidade como seres humanos livres? Vocês podem tentar todos os tipos de formas artificiais de adquirir autoconfiança, mas essa tentativa não dará certo enquanto não enfrentarem a culpa secundária e se livrarem dela, admitindo-a. Então, podem até conservar, se quiserem, a culpa primária – a culpa de não querer amar - mas pelo menos terão assumido essa responsabilidade.

Vocês vêem, que o mundo de vocês é um mundo de dualidade. Existe tanta confusão por causa da tentativa entre isto ou aquilo. A humanidade está entravada pelo conceito dualista de que um dos dois precisa levar a culpa – seja pelo que for. Ou você é mau e errado, ou o outro é. Isso cria uma séria dificuldade, tornando impossível estar com a razão. Se você está errado e o outro não tem culpa, você sente que existe alguma coisa não totalmente certa com essa situação. Também sente que lhe atribuem uma responsabilidade indevida. Se você é o único a assumir o ônus da culpa, certamente espera ser condenado ao ostracismo. Esta suposição é uma carga intolerável; não corresponde à verdade e não permite ver com clareza. Faz com que vocês se sintam ainda mais inferiores e indignos de amor. A infelicidade parece uma punição justa, e não uma escolha que pode ser alterada à vontade. Quem assume toda a culpa permite, por assim dizer, que os outros manifestem secretamente suas intenções negativas.

Quem, ao contrário, sente necessidade de se justificar totalmente ao explicar seu comportamento, também se coloca numa situação terrível: ele também sente que alguma coisa está errada, e sabe que considerar o outro totalmente mau também não corresponde à verdade. Se for preciso manter essa farsa, que pode parecer desejável para se livrar da culpa, a pessoa pode se tornar ansiosa, medrosa, vivendo sob a ameaça de que suas defesas sejam destruídas – essa pessoa não pode se permitir ser descontraída, natural e íntima dos outros. Ao escolher o partido da ”inocência”, ela impossibilita qualquer tipo de intimidade. Nesse caso, ela também não consegue sentir-se bem.

A INTERAÇÃO INCONSCIENTE

A maioria dos seres humanos ainda é incapaz de perceber como a distorção e o negativismo afetam e reforçam diretamente as distorções e o negativismo dos outros, formando um engate. Na interação entre duas psiques, ocorre o seguinte. Suponham que alguém passe a seguinte mensagem não-verbal aquém esteja ligado numa interação negativa: “Vou castigar você por não preencher minhas exigências, que são insaciáveis. Não vou amá-lo nem dar-lhe nada. Vou castigá-lo, fazendo-o sentir-se culpado, e se você quiser alguma coisa de mim, vou negar. Vou castigá-lo da forma mais exemplar, passando a ser sua vítima, para você não poder me culpar nem me pegar.” Suponham que o outro esteja tentando interiormente adotar uma postura semelhante. A resistência dessa pessoa, por sua vez, pode ser expressa nesses termos: “Não posso desistir da atitude defensiva. Os outros estão dispostos a me ferir, a fazer de mim uma vítima e a me explorar. Se eu abrir meu coração ao amor, não conseguirei nada a não ser rejeição, injustiça e ódio. Não vale a pena. É melhor continuar fechado.” Imaginem como a atitude de autovitimização da primeira pessoa reforçará a resistência irracional da segunda a abrir-se, a se tornar vulnerável a amar. A parte amedrontada da alma, que se “protege” pela negação e pelo retraimento, será consideravelmente reforçada sempre que deparar com as intenções negativas do outro. O castigo muitas vezes assume a forma de graves acusações que difamam o caráter do outro. Ou é possível até usar os defeitos verdadeiros do outro para castigá-lo por não estar à altura das exigências feitas e por não aceitar entrar num acordo em que um deve dar tudo e o outro, pouco ou nada.

A interação inconsciente nessa área, portanto, fortalece e justifica a convicção de que a atitude negativa é uma defesa necessária. Desse ponto de vista tacanho, esta parece uma postura correta. Assim, quando as intenções são negativas, você também é responsável pelo outro. Uma das verdades aparentemente paradoxais da realidade espiritual é que, embora você seja primordialmente responsável por si mesmo, também é responsável pelo outro, de maneira diferente. Pelo mesmo critério, a intenção negativa do outro fere você, e ele também é responsável pelo outro, de maneira diferente. Pelo mesmo critério, a intenção negativa do outro fere você, e ele também é responsável perante você. Entretanto, o outro não poderia ter êxito se você não fincasse pé tenazmente. Nesse sentido, você é responsável. Todos têm a opção de usar as más intenções dos outros como desculpa para não amar, ou para procurar uma nova forma de reagir à vida. Portanto, é igualmente correto dizer que você é exclusivamente responsável por si mesmo e que os outros são exclusivamente responsáveis por si mesmos e que, em última análise, todos são responsáveis pelos outros.

NÃO HÁ DIVISÃO NA REALIDADE MÁXIMA

No fim das contas, não existe divisão entre o eu e o outro. Vocês são o outro e os outros são vocês. A separação é uma ilusão. Portanto, quando vocês acabam com o velho padrão de culpar os outros para justificar seu modo injusto de proceder e as exigências mesquinhas que fazem, vocês se livram desse duplo grilhão e também ajudam a libertar o outro. Naturalmente, os outros não devem depender de vocês para isso; cada um deveria cuidar de si e encontrar a sua própria saída. “Os outros não devem depender do fato de eu superar os meus aspectos negativos e os meus problemas para poderem superar os deles”, vocês poderiam dizer. E estão ao mesmo tempo certos e errados. Estão certos, porque os outros podem realmente o que quiserem, independentemente do que vocês façam. Os esforços, a dedicação e o compromisso deles, e não a atitude de terceiros, determinarão o resultado. Mas vocês também estão errados por não perceberem que o ato de verdade praticado, que é um ato de amor, ajuda a libertar os outros. O fato de vocês aceitarem a parte que lhes cabe elimina muita confusão, permitindo identificar a verdadeira contribuição de cada um a uma interação psíquica negativa. O efeito libertador é enorme.

Imagine como vocês se sentiriam se uma pessoa próxima, que os tenha feito sofrer por ter apontado culpas reais e falsas, mas que também tenha criado confusão negando sua própria culpa, dissesse de repente: “Percebi que não desejo dar-lhe amor. Quero fazer exigências a você e depois culpá-lo, acusá-lo e puni-lo por não atender meus desejos. Mas não quero que você se sinta magoado, porque embora eu queira magoá-lo, não quero sentir culpa por isso”. Vocês percebem o efeito liberador dessas palavras? Provavelmente vocês não reagiriam a tal ato de amor com hipocrisia, declarando que sempre souberam disso, e colocando-se no papel de vítimas inocentes.

Se vocês admitirem o caráter injusto de tantas exigências e o medo de expor os sentimentos e as intenções negativas, podem sair com o orgulho ferido, e nada mais. Seu interlocutor, naquele momento, recebe uma dádiva de amor, mesmo que vocês possam continuar não querendo amar com o coração, com as emoções, com o interior. Mas vocês começaram a amar, porque começaram a ser autênticos.

Ao libertar os outros da falsa culpa que é atribuída a eles para disfarçar a culpa que vocês sentem, vocês permitem que eles tenham uma noção da culpa real, sem ficar arrasados e sem a dolorosa luta interior onde se confundem culpas e acusações recíprocas. A libertação e o esclarecimento muitas vezes levam à solução dos problemas mais profundos. É como se a personalidade precisasse dessa graça “exterior”, dessa “mão amiga”. Pois a atribuição desonesta de culpa aos outros torna quase impossível que estes se exponham; significa que, se eles admitirem a culpa, vocês estão certos ao acusá-los de serem maus, de provocarem a sua desgraça. É assim que as pessoas ficam presas umas às outras por atitudes negativas, projeção de culpa, do tipo ou isto ou aquilo, confusão e interações negativas. Alguém precisa começar a desengatar a corrente e a desamarrar os nós.

A intencionalidade negativa é uma defesa. Ela deriva da crença inata de que o mundo não merece confiança e de que o único meio de se proteger é ser tão mau quanto o mundo – ou pior ainda. Quando admitem a própria maldade, estão ajudando os outros a começarem a confiar na decência das pessoas. Eles podem, então, começar a ponderar: “Talvez a vida não seja tão perigosa, afinal. Talvez eu não esteja sozinho na minha vergonha e culpa ocultas. Talvez eu possa esquecer. Talvez eu também possa admitir esses sentimentos sem ser considerado o único responsável.”
Que diferença isso faria na atitude de todos em relação à vida!
Como isso afetaria a situação espiritual da entidade humana!

OS EFEITOS POSITIVOS DA HONESTIDADE

Quando todos vocês trabalham juntos dessa maneira honesta, o sistema de energia começa a mudar. O amor não é um comando emitido pela vontade e pela mente; não é uma abstração, não é um gesto teatral e sentimental. É vigoroso, afirmativo e livre. A honestidade é a mais necessária e rara forma de amor entre seres humanos. Sem honestidade, sempre persiste a ilusão de que uns são separados dos outros; de que os interesses são antagônicos; e de que, para proteger os próprios interesses, uns precisam derrotar os outros.

Só quando vocês conhecerem o seu lado negativo, e realmente aceitarem e assumirem a responsabilidade por ele, sem precisar mais projetá-los nos outros – e para isso é preciso distorcer a realidade – conquistarão, de súbito, uma nova compreensão dos outros, sabendo o que se passa com eles, mesmo que eles não o admitam. E isso também é libertador. É por isso que todos os que admitem o pior em si mesmos inevitavelmente sentem que o resultado imediato é alegria, libertação, energia, esperança e luz.

O desenvolvimento espiritual confere a vocês o dom de conhecer o interior dos outros: o que pensam, o que pretendem, o que sentem. Não é mágica; é algo que acontece naturalmente, porque, na verdade, vocês e os outros são um só. Ao ler corretamente o que está na mente de vocês, não poderão deixar de ler a mente dos outros – pois, na realidade, a mente é uma só. Os outros são um livro fechado apenas enquanto vocês se escondem da própria mente. Ser capaz de ler a mente dos outros seria uma mágica perigosa se derivasse do poder psíquico de alguém. Esse poder poderia ser mal usado. Mas sempre que essa capacidade cresce organicamente, como subproduto do conhecimento da própria constituição interior, é algo natural, não passível de ser mal usado a serviço de impulsos de poder e negativismo.

A EXPANSÃO PARA A PERCEPÇÃO MAIS ELEVADA

Quando os seres humanos evoluem para um estado mais expandido, precisam de outros instrumentos. Vamos tomar a simples analogia de alguém que dirige uma empresa. Quando a empresa é muito pequena, a organização é adequada ao tamanho e à finalidade da firma; portanto, tem harmonia. Mas quando a empresa se expande, a organização criada para o pequeno estabelecimento já não serve. Se os proprietários forem rígidos demais para mudar e continuarem se apegando ao velho sistema consagrado, a expansão pode ser um fracasso, ou pelo menos pode ser muito difícil de administrar.
A mesma lei, aplica-se à expansão interior. À medida que vocês crescem e aprendem sobre si mesmos e, portanto, sobre os outros e o mundo, experimentam a vida de um modo mais profundo e variado – e essa, no fim das contas, é a finalidade da encarnação. Vocês aprendem a ter sentimentos que antes evitavam; estão preparando o terreno, por assim dizer, para a “expansão operacional”. Em termos práticos, isto significa que as atitudes que um dia foram úteis agora podem tornar-se destrutivas e limitadoras.

No caminho da evolução, as entidades crescem de várias formas e preparam o terreno para novas atitudes em relação à vida. No entanto, elas podem impedir a expansão, recusando-se a renunciar a determinadas atitudes obsoletas. Assim, vocês agora precisam adaptar-se a novas maneiras de reagir ao mundo ; não devem reagir aos outros como eles reagem a vocês, e precisam também mudar de forma a reagir ao que acontece no seu íntimo. Isso é uma decorrência, em primeiro lugar, da constatação de que a antiga resposta é um reflexo condicionado adequado à maneira mais tacanha de viver. Em segundo lugar, esta é uma decorrência do questionamento do reflexo e das crenças que estão por trás dele. E, em último lugar, mas não menos importante, é uma decorrência da escolha do amor, e não da separação, como forma de estar no mundo.

Queremos frisar outra vez que esta não deve ser uma simples palavra para encobrir muitas coisas que vocês não querem admitir. A opção pelo amor deve ser colocada em prática de acordo com o estágio interior. Admitir o lado negativo é sempre um ato de amor, quer isso seja feito diretamente perante a pessoa com quem vocês estão em conflito – o que é preferível – ou perante alguém não pessoalmente envolvido no episódio. E é também um ato de amor com relação ao universo. Mesmo que vocês decidem, por enquanto, conservar os aspectos negativos, pensem que um dia vocês vão querer renunciar a eles, por amor ao universo e por amor a si mesmos.

O AMOR É A RESPOSTA

Aquele que não abre seu coração perde suas forças. Por mais correto que seja o diagnóstico, por mais que vocês venham a entender os antecedentes, a história e a dinâmica de uma situação problemática, jamais ocorrerá uma mudança real se vocês não se decidirem a abrir o coração. Vocês não poderão ficar satisfeitos, se não sentirem com o coração. É inútil fingir que querem amar, ou mesmo que amam, enquanto estiverem com medo de sentir o que sentem. Quando isso acontece, vocês fogem do amor.

Vocês não podem ser fortes e corajosos: não podem amar a si mesmos enquanto não amarem. Da mesma forma, somente quem ama aos outros pode amar a si mesmo. O primeiro passo deve ser a vontade de amar. Ninguém começa a amar simplesmente porque decide. É preciso invocar a natureza divina do seu mais recôndito núcleo para ter a graça de amar. A Graça divina pode manifestar-se por seu intermédio, fazendo com que abram o coração e percam o medo dos sentimentos, da vulnerabilidade. Isso é tudo de que vocês precisam. Quem não ama, não tem nada. Quem ama, tem tudo.

Mas amar com falsidade, como uma farsa, é muito menos amar e muito mais ilusório e prejudicial do que admitir o ódio. Admitir o ódio é um ato de mais amor do que o ato aparentemente amoroso que nega o ódio.

A RAIVA SAUDÁVEL PODE SER UMA EXPRESSÃO DO AMOR

Existe uma raiva saudável que precisa ser expressa de vez em quando, numa vida bem integrada. A raiva saudável não gera desarmonia interior. É um grande erro ignorar ou negar este fato. A negação vem da junção artificial das forças interiores e da sobreposição de bondade forçada e falsa. A noção de que não existe raiva ocasional numa pessoa efetivamente desenvolvida do ponto de vista espiritual é uma falsa crença, nascida do medo e da obediência.

No plano humano, a raiva saudável é uma necessidade. Sem ela, não haveria nem justiça nem progresso. As forças da destruição prevaleceriam. Permitir que essas forças assumam o controle é fraqueza, não amor; medo, não bondade; colocar panos quentes e incentivar o abuso, não viver construtivamente. Isso destrói a harmonia, em vez de promovê-la. Destrói o crescimento saudável.

A raiva pode ser uma reação ocasional tão saudável e necessária quanto o amor. Ela faz parte do amor. Ela, também, surge espontaneamente. Ela, também, não pode ser forçada. Tentar forçar ou negar qualquer emoção leva ao auto-engano o que, por sua vez, pode levar a pretender que a raiva doentia é saudável.

A causa não determina se a emoção despertada é raiva saudável ou doentia. A causa pode justificar totalmente a raiva saudável, autêntica, real, que nesse caso, naturalmente, é construtiva. No entanto, a raiva pode ser do tipo doentio, devido aos problemas não-resolvidos, à insegurança, às culpas, às incertezas e contradições dessa pessoa. A questão em si pode provocar raiva justificada, mas a pessoa pode não ser capaz de expressar esse tipo de sentimento.

Na medida exata em que uma pessoa é capaz de sentir e expressar amor verdadeiro, ela também é capaz de manifestar raiva saudável e construtiva. Tanto o amor real como a raiva real vêm do eu interior. Absolutamente todo sentimento real é saudável e construtivo e propicia o desenvolvimento do eu e dos outros. Os sentimentos reais não podem ser forçados, comandados nem impostos. Eles são uma expressão espontânea, que ocorre como resultado natural e orgânico do exame de nós mesmos.

É claro que falamos aqui da raiva saudável e jamais da violência física. A expressão de emoções negativas, mesmo quando não são saudáveis, não precisam de maneira nenhuma levar a atos destrutivos, sejam físicos ou não.

Este é um dos equívocos mais freqüentes e prejudiciais. A psique interior receia que o reconhecimento das emoções negativas possa levar à sua manifestação exterior. Não é assim. Pelo contrário, vocês tem liberdade para manifestar ou não, podem escolher como e quando fazer isso, ou concluir se querem expressar alguma emoção apenas quando estão plenamente conscientes. Quando não estão cientes do que realmente sentem e por quê, vocês ficam sujeitos a compulsões de toda a espécie, que fazem sofrer e que não são entendimentos. A compulsão é o resultado direto de sentimentos e condições inconscientes e não-reconhecidos. Quanto mais a pessoa se conhece, maior é o seu autocontrole. Não temam, porque não é assim: “Eu não posso encarar a mim mesmo com sinceridade porque, nesse caso, eu teria de colocar para fora impulsos indesejáveis, fazer mal aos outros e, portanto, no fim das contas, fazer mal a mim mesmo.” Também é preciso trazer à tona essa apreensão e eliminá-la.

Repitam o seguinte, todos os dias, ao meditar: ”A percepção do que sinto, por mais indesejável que seja, me dará liberdade. Tenho opções para agir apenas na medida da minha percepção. Posso decidir expressar verbalmente meus sentimentos quando sua finalidade for boa, como numa sessão com quem me ajuda. Se eu achar que essa expressão pode prejudicar o relacionamento, eu me conterei, sabendo o que faço e sem me iludir.” Essa meditação fortalece, pois penetra nas camadas ocultas da psique. A raiva saudável, desde que originária do eu real, sabe exatamente o que fazer e como suprir as necessidades do momento.

Quando existe o medo de expressar uma raiva justificada, também existe o medo de amar, que cria obstáculos às manifestações do eu real, o escoamento do amor autêntico – ao contrário do amor não-autêntico – e da capacidade de expressar uma raiva saudável. – em contraposição à raiva distorcida e torturada. A raiva saudável fortalece, a raiva distorcida enfraquece. O amor saudável abrange tudo, e é tanto mais enriquecedor quanto mais a pessoa se doa. O amor doentio, torpe e falso empobrece e alimenta o conflito entre o interesse próprio e o interesse dos outros. Ele reforça a dualidade, que é a sua origem, e sempre opõe o bom ao mau. O amor não-autêntico está sempre associado à piedade de si mesmo, ao ressentimento, à hostilidade e ao conflito. Nele sempre há a idéia de que “eu devo amar; portanto, acho que amo, mas não quero amar porque, nesse caso, se aproveitariam de mim. Como eu devo amar mas não quero amar, sinto-me culpado e mau.” Quem pensa assim não consegue expressar uma raiva saudável. Ela é abafada no nascedouro pois, como a pessoa não ousa amar, duvida do seu direito de sentir raiva.

Quem continuar e tentar encontrar a expressão correta dos sentimentos no momento presente sentirá a beleza do universo, a verdade da existência sem conflitos. Essa verdade implica amar e receber toda a felicidade, toda a felicidade a que se tem direito. Se vocês tiverem boa vontade para reconhecer que, por trás da tentativa de amar, está o não-amor, nascido do medo, da mágoa e da ilusão, a constatação do que é ilusório levará finalmente ao amor verdadeiro, ao verdadeiro eu, à expressão autêntica de tudo que vocês sentem e são – que é ser bom e correto.

Assimilem o conteúdo apresentado neste artigo, para poderem estabelecer a mais real e vital de todas as comunicações diretas: a comunicação com o eu espiritual. Para isso, vocês precisam acabar com a auto-ilusão e os disfarces, para avistar o caminho para o eu interior.

Aqueles de vocês que ainda não descobriram em que aspectos e de que forma não são carinhosos, devem decidir-se a fazê-lo. Não se deixem enganar pelo fato de que, sob alguns aspectos, vocês já são carinhosos. Perguntem a si mesmos, o quanto vocês estão de bem com a vida. Esta é a medida para saber até que ponto vocês são carinhosos e verdadeiros. Quando admitirem a raiva, a vontade de punir e o despeito, vocês começarão a amar.

Para entender isso, é preciso meditar muito e ter verdadeira boa vontade. Mas, depois, que bela chave para a vida vocês terão! É preciso ter um desejo forte para passar a essa nova consciência. Não resistam à expansão para um novo modo de agir quando estiverem prontos, caso contrário, estarão criando uma crise dolorosa. Quanto menos resistirem, mais suave será a transição para um novo estado, mais verdadeiro e cheio de amor.

Assumam o compromisso de ir mais fundo e mais longe nessa direção. Isso trará benefícios para vocês e para as pessoas com quem convivem. Deixem que isso aconteça. Esta é a maior bênção que pode haver. Vocês criarão o novo clima necessário para um novo ambiente interior – por fora e por dentro.

Todos nós, somos de fato abençoados. Cada passo de verdade, cada passo em direção ao amor, libera mais energia espiritual, ativa mais a sua natureza divina.


Sejam essa natureza divina !


Amor, Luz , Paz , Gratidão e Namastê !
Love, Light, Peace, Gratitude and Namaste!
Amour, de Lumière, la Paix, Gratitude et Namaste!
Amor, Luz, Paz, Gratitud y Namaste!
الحب، والضوء، والسلام، والامتنان وناماستي!
愛、光、平和、感謝と​​ナマステ!
Amore, Luce, Pace, Gratitudine e Namaste!
Liebe, Licht, Frieden, Dankbarkeit und Namaste!
Любовь, свет, мир, благодарность и Namaste!
Upendo, Mwanga, Amani, Shukurani na Namaste!
Love and Light to all !



(Fonte: http://andromedalive.blogspot.com.br/2012/08/da-interacao-negativa-e-inconsciente.html)



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