Como participamos, individualmente, como homens e como mulheres, da aventura do Cosmos? Ao seguir esta orientação, nossa consciência se eleva passo a passo.
Qualquer manifestação humana, seja natural, instintiva ou criada pelo homem, tem um profundo significado espiritual. Toda experiência humana é sempre o emblema de uma realidade mais ampla, mais profunda e mais completa. Este artigo trata do significado espiritual da sexualidade. Ao usar o termo “sexualidade” para denotar a força criadora total, explicamos como sua finalidade e seu significado espiritual se manifestam no plano humano.
A manifestação da sexualidade varia de acordo com o desenvolvimento de cada ser humano. O princípio da sexualidade manifesta-se de forma diferente na pessoa totalmente realizada, na pessoa comum e naquelas que talvez ainda estejam em um nível tão baixo de desenvolvimento espiritual a ponto de estarem fortemente bloqueadas e divididas.
A força sexual é uma expressão da consciência que busca a fusão. E fusão, que vocês também podem chamar de integração, unificação ou unidade é o propósito da criação. Seja qual for o termo usado, a meta final de todos os seres divididos é reunificar os aspectos individualizados e separados da consciência maior com o todo. Os aspectos divididos são integralmente ligados a uma grande força que motiva as pessoas a lutar pela unificação. A atração dessa força é irresistível: ela existe em todos os organismos – até os inanimados, nos quais a inteligência e a percepção humanas ainda não são capazes de observá-la.
O poder da sexualidade, na sua forma mais ideal, é capaz de transmitir mais plenamente do que qualquer outra experiência humana o que são o contentamento espiritual, a unidade e a intemporalidade. Na experiência sexual total, você rompe as fronteiras do tempo e da separação onde a mente limitada o aprisionou. Tal experiência lembra a verdadeira existência no eterno.
A venturosa experiência da fusão e o senso de atemporalidade da união sexual dependem da unificação interior das pessoas envolvidas e, portanto, de suas atitudes em todos os níveis do seu ser. Se a experiência sexual é uma expressão dos níveis físico, mental e espiritual, e se esses níveis estão unidos um ao outro, sem nenhum conflito, as pessoas que expressam o próprio ser em todos esses níveis, de acordo com a lei espiritual, têm uma experiência sexual tão completa, satisfatória, rica, alegre, revigorante, constante, animadora e reminiscente da realidade espiritual como nenhuma outra experiência humana pode ser. Então, nessa experiência feliz de união total, a realização vai além da satisfação e do enriquecimento pessoais. Essas pessoas também estão cumprindo uma tarefa no Universo. Pode parecer estranho, pois o cérebro humano está acostumado a equiparar tarefa e cumprimento com algo árduo, difícil ou até mesmo desagradável. Mas, na verdade, quanto mais completa a alegria, o prazer, o contentamento e o êxtase, mais força criativa as pessoas acrescentam ao reservatório universal. Cada uma dessas experiências é como uma nova estrela brilhando em algum ponto da criação, tornando-se mais uma tocha na escuridão do vazio cujo destino é encher-se de luz.
FUSÃO FÍSICA, MENTAL E ESPIRITUAL
Qual é o significado da experiência sexual no plano físico? O que significa o impulso de se unir fisicamente ao outro? As respostas comuns, tais como a perpetuação da espécie ou a necessidade do prazer, são respostas parciais e um pouco superficiais. Quando dois seres humanos se sentem mutuamente atraídos, podemos dizer que anseiam por conhecer um ao outro, por revelar-se um ao outro, por deixar-se conhecer, descobrir, e por encontrar o verdadeiro ser do outro. Ao revelar-se a outro, o seu próprio ser é capaz de entrar na dimensão total do eu dessa pessoa, que também tem o mesmo objetivo. O desejo mútuo, energizado por uma força involuntária, cria um sentimento e uma ânsia de uma felicidade eletrizante. Se houver atração no plano físico, sem a participação, pelo menos em algum grau, de outros níveis, a experiência que se segue é decepcionante. Não pode ser mais que uma representação infinitesimal e superficial daquilo que a alma realmente anseia – mas que é cega demais para entender e perseguir. A busca da união total com outra alma exige um processo de purificação.
Como a consciência humana, limitada e cega, simplesmente tateia no escuro, muitas vezes a atração que se sente não é pela pessoa real, mas por uma imagem que a mente cria quanto ao que o parceiro deveria ser para atender a necessidades reais ou imaginárias. A pessoa real, neste caso, muitas vezes é totalmente ignorada ou teimosamente negada. A pessoa que deseja insiste em sua ilusão e fica irritada quando a realidade desmente a ilusão. Normalmente, o processo é recíproco – as duas partes buscam uma pessoa diferente, por assim dizer, e não sabem disso. O grau de satisfação sentido é um bom parâmetro do quanto você busca a pessoa real. A falta de contentamento indica a natureza ilusória da busca, revelando, ao contrário, a sobreposição de outra pessoa, como uma figura paterna, à pessoa real. Quando a atração é verdadeiramente genuína e está assentada numa base real e saudável, ela é sentida com relação àquela pessoa em especial, a quem você deseja se revelar da maneira mais íntima e real, e com a qual você quer ter a ligação mais próxima possível.
O anseio pela ligação próxima é eterno na alma humana, mas assume formas diferentes na criança e no adulto. Para uma criança, a proximidade é uma experiência completamente passiva: a criança absorve, recebe, consome alimento e afeto como um organismo simples e apenas receptor, ilustrando assim o princípio feminino universal. A mãe, nesse caso, é a doadora e, nessa condição, a mulher verdadeiramente feminina expressa o seu princípio masculino. Para o adulto, essa aproximação só pode ser consumada com êxito quando a experiência é recíproca – quando os dois participantes buscam, dão, sustentam, alimentam, recebem e tomam. Esse ritmo orgânico, espontâneo e auto-regulador não pode ser determinado pela mente-ego. Ele é a expressão involuntária de um processo legítimo, tão exigente, intricado e significativo que é impossível transmiti-lo à limitada capacidade humana de compreensão.
Há obstáculos à verdadeira satisfação porque a criança que existe na personalidade adulta ainda busca a satisfação a seu próprio modo. Ela busca uma nutriz e não o outro muito específico, e visa um tipo de proximidade meramente receptiva e consumidora. Se buscar a fusão com tais motivações, pode ser que ela nunca ocorra. Por conseguinte, a pessoa que deseja uma união assim imatura vive uma rotina de eterna frustração, que parece, então, justificar sua cautela, retraimento e negatividade. O movimento para a intimidade é dividido, gerando um contra-movimento que provoca um curto-circuito, O curto-circuito é sentido como bloqueio involuntário, inibição e indiferença.
No plano emocional, o movimento para a fusão precisa ser expresso numa troca de sentimentos. O que significa essa troca de sentimentos em termos adultos e realistas? A troca de sentimentos, ou o nível emocional da sexualidade, é determinado pelo amor no seu verdadeiro sentido, com todos os seus vários aspectos e manifestações. Vocês são muito liberais com o uso da palavra amor, mas com muita freqüência a palavra é dita sem significar coisa nenhuma ou, pior ainda, é usada como rótulo atrás do qual se escondem sentimentos muito diferentes, como necessidades do ego e metas negativas. Uma pessoa usa a outra da forma mais exploradora e chama isso de amor. Mas o que é a experiência ardente e viva que existe por trás do rótulo estereotipado? A experiência do amor é, em primeiro lugar, a tentativa de perceber a realidade múltipla do outro. Esse intento exige que se ponha temporariamente de lado o ego, as necessidades, as expectativas e as preocupações pessoais, tornando-se vazio. Então, é possível deixar entrar o outro, para poder verdadeiramente perceber, experimentar e sentir todas as complexidades desse outro ser. Poderia haver experiência mais fascinante?
Quem não tem interesse em manter uma imagem ilusória do que o outro deveria ser ressentindo-se quando ele não corresponde à imagem, está aberto e suficientemente vazio para deixar entrar o que existe. Essa é umas formas de expressar o amor. Sobre essa base sólida, é possível efetuar uma troca de sentimentos.
Quem percebe a realidade do outro fica suficientemente livre de qualquer voluntarismo, orgulho e medo para lidar com o que existe. Uma pessoa assim é capaz de lidar até com a dor e a frustração, se necessário, para atingir a realidade, que é contentamento definitivo. A capacidade de suportar frustração e dor é essencial para dar e receber, e para sentir contentamento. Por outro lado, a pessoa que se sente muito ameaçada e se defende da dor – a dor de não ter as coisas à sua maneira, a dor de se magoar um pouco, a dor de precisar renunciar a uma vantagem imaginária ou até real – cria uma sólida barreira à volta da torrente de energia que flui do seu interior. Nada pode atravessar essa parede, nem para dentro nem para fora. A pessoa fica isolada na prisão que criou para se defender da dor e do desgosto. Fica embotada, incapaz de viver plenamente. Ela não consegue se fundir e, assim, não consegue sentir um prazer real.
O amor e, portanto, a capacidade de dar e receber depende da capacidade de perceber a realidade com uma visão límpida. Essa capacidade, por sua vez, depende da capacidade de suportar a dor sem se defender, sem interpretações que manipulem a dor. Essas interpretações visam apenas anular a dor; a postura de dar vazão à dor , ao contrário , cria condições para uma interpretação verdadeira dos fatos que lhe deram origem.
O aspecto do amor real a que nos referimos como deixar o outro ser significa mais do que simplesmente aceitar onde está e quem é o outro num dado momento. Significa ter uma visão total da pessoa, incluindo seu potencial ainda não realizado. Essa visão do não-manifesto no outro é um grande ato de amor. Não tem nada que ver com a ilusão de inventar outro tipo de pessoa para satisfazer necessidades próprias. Se vocês conseguem dar à pessoa amada a liberdade de ela “ser quem é”, pode haver confiança recíproca. Assim, vocês conquistam a liberdade de afirmar o seu direito de ser, sem provocações nem jogos negativos. A auto-afirmação positiva deriva do estado de ausência de culpa que decorre de uma atitude verdadeiramente generosa. Se vocês conseguem dizer “sim” à generosidade irrestrita, também podem dizer “não”. Se vocês realmente dão, também podem afirmar seu direito de receber – e isto não deve ser confundido com exigências pueris e neuróticas.
A falta de generosidade torna esse intercâmbio impossível. Como na realidade dar e receber são uma coisa só, vocês não podem dar aos outros sem também dar a si mesmos. Inversamente, retraindo-se, vocês inevitavelmente retraem-se de si mesmos. Então culpam o outro pela conseqüente carência, porque ainda estão apegados à ilusão de que dar e receber são dois atos separados. A fusão pela qual vocês anseiam só pode acontecer se todos os sentimentos que desejam receber, cada um dos aspectos do amor, estiverem fluindo de vocês com fartura. Esses aspectos do amor incluem ternura, calor, respeito e também reconhecimento da essência do outro e de sua capacidade de crescimento, mudança e bondade. Acrescentem a isso a paciência e o benefício da dúvida. Considerem a possibilidade de interpretações alternativas. Confiem e dêem ao outro, condições para se desenvolver e ser. Vocês também querem ardentemente ser o objeto desses aspectos do amor perfeito. A fusão só pode ocorrer no plano emocional quando vocês estão totalmente decididos a aprender a expandir a capacidade de dar esses componentes do amor perfeito.
Contudo, para se fundir emocionalmente – e, portanto, totalmente – é igualmente necessário falar com sinceridade, mesmo que isso possa não ser bem-vindo nem desejado. Agir de outra forma, sob o disfarce da chamada bondade amorosa, ou ficar em silêncio, é uma atitude sentimental, em geral desonesta. Pois, na realidade, o que acontece é que vocês têm medos das conseqüências desagradáveis e, por isso, não querem correr o risco de sentir dor, de se expor, de entrar em confronto e de fazer o grande esforço de reintegrar o relacionamento num nível mais elevado e mais profundo. Isso só pode ser feito saudavelmente e sem culpa pelas pessoas que já enfrentaram e eliminaram a própria a própria crueldade. Enquanto existir crueldade no íntimo, vocês jamais serão capazes de dizer a verdade aos outros sem feri-los, porque a vontade secreta de ferir está de tal modo entranhada e exerce tanta influência sobre os atos e as palavras, que acaba com a coragem de falar francamente e de enfrentar uma situação que precisa ser melhorada.
Como, então, é possível reinstaurar e aumentar o fluxo do amor generoso? É possível alguém estar livre de crueldade e poder falar com franqueza de modo totalmente construtivo, e mesmo assim o outro ficar magoado – talvez porque insista em nunca ser criticado ou frustrado. Mas se vocês conseguirem lidar com a mágoa decorrente dessa reação serão capazes de correr o risco e de lutar até o fim para que haja um intercâmbio aberto de sentimentos. Vocês verão que quanto mais agirem movidos pela intenção sincera de amar e de sentir com maior profundidade, tanto mais generoso será o resultado dessas situações nas quais vocês “dizem a verdade” porque querem ferir, embora não o admitam, o resultado é desagradável. A culpa por essa motivação oculta é um escudo entre vocês e a verdade e entre vocês e o outro.
A satisfação e o contentamento por que a alma anseia só podem ser conseguidos pela fusão com outra consciência. Depende de sua capacidade de arriscar, de enfrentar, de admitir seus segredos mais guardados e, em conseqüência disso, falar com franqueza quando o outro coloca obstáculos no caminho. Vocês também precisam reconhecer a relutância em expressar seus melhores sentimentos quando a negatividade não-expressa e os jogos ocultos do parceiro tornam isso impossível. A afirmação positiva de que falamos é totalmente diferente de fazer acusações, que significa atribuir a responsabilidade ao outro. O tipo certo de afirmação não acusa o outro, mas reconhece o que o outro faz. Quando deixam de acusar, vocês podem realmente falar com franqueza. Quando o reconhecimento da contribuição negativa do parceiro é resultado da clareza de visão que só se adquire com a auto-avaliação e a honestidade mais profunda, é possível correr o risco de ficar abatido pela dor passageira.
Para haver fusão emocional, é necessário que haja um intercâmbio honesto, correndo o risco de crises ocasionais. O intercâmbio honesto depende totalmente da honestidade de cada um e da vontade de deixar de lado padrões desonestos, prejudiciais e destrutivos. O fato de vocês estarem inibidos e com medo também inibe o alcance e a profundidade do contentamento que nasce da fusão. Nesse caso, é preciso perguntar qual a origem do medo nos dois parceiros. E como cada um é responsável por si mesmo, vocês devem perguntar qual a origem desse medo em vocês. Onde está a crueldade que gera o medo de dizer o que vocês vêem? Sob que aspecto vocês não conseguem se enxergar e, por isso, ficam cegos com relação ao outro, ou inseguros e na defesa em relação ao que conseguem perceber e, conseqüentemente, belicosos e hostis? Mais uma vez, só pode existir fusão emocional na medida em que esses critérios são satisfeitos.
A fusão mental existe no plano da mente consciente. A capacidade de trocar as idéias e pensamentos mais profundos e de correr o risco de discordar e desaprovar é fundamental. A fusão mental só pode existir quando existe algum tipo de compatibilidade. Dois parceiros compatíveis precisam compartilhar determinadas idéias fundamentais sobre a vida. Também precisam estar mais ou menos no mesmo plano de desenvolvimento espiritual. Isto não significa que seja preciso concordar a respeito de todos os pormenores. Isso é impossível, e certo grau de divergência é necessário: é uma conseqüência da diversidade dos seres humanos, que também contribui para o desenvolvimento de cada um.
Várias qualidades são necessárias para alcançar a fusão mental. Uma é a necessidade de aumentar a verdadeira compreensão do parceiro; outra é a humildade para investigar e, se necessário, descartar as idéias e opiniões que ambos possam ter. Também é preciso ser humilde para admitir que o outro tem razão. O próprio ato de procurar uma verdade mais profunda, relativa mesmo às menores questões, constitui um magnífico motor do crescimento e ajuda a aprofundar a união no plano mental. As atitudes que vocês assumem com relação às divergências e a forma de abordá-las são importantes. Vocês evitam o confronto de idéias simplesmente porque não se sentem bem com questionamentos? Vocês concordam em nome da paz porque, de qualquer forma, a questão é “sem importância”? Nem se incomodam em pensar a fundo sobre coisas que não lhe dizem respeito diretamente? Ou insistem em ter “razão” sempre? O desacordo é uma maneira de dar vazão aos sentimentos e pensamentos negativos acumulados, porque vocês não souberam lidar com eles construtivamente?
A liberdade de ter idéias diferentes só pode ser concedida quando os dois parceiros estão ancorados na verdade espiritual. Quando a realidade espiritual é a meta final, vocês também sabem que existe apenas uma verdade. Isto se aplica em toda a linha tanto às grandes questões vitais como às menores futilidades do cotidiano. Mas vocês também sabem que essa verdade única tem muitas facetas e que muitas vezes abrange dois opostos aparentes, que são partes do todo. Quem tem a verdade espiritual como meta final pode ser menos rígido em relação a opiniões, idéias e pensamentos. Nessas condições, é possível expor e trocar idéias. Para quem sempre visa buscar a verdade interior, a verdade espiritual, as pequenas divergências ou as opiniões diferentes desaparecem lentamente. A princípio, elas parecem não ter importância; depois, se integram ou se fundem na verdade do espírito que a tudo une.
É preciso não negligenciar o intercâmbio mental. Muitas vezes os relacionamentos são vistos como um intercâmbio sexual e, até certo ponto, emocional, mas o intercâmbio mental é estranhamente negligenciado num mundo que enfatiza e dá tanta importância ao intelecto, às idéias e à mente. No entanto, as pessoas vivem lado a lado todos os dias esse privam das alegrias da fusão mental. Deixam de expor seu ser mais íntimo, suas idéias, crenças, sonhos, aspirações, sentimentos, medos, metas, anseios, inseguranças e esperanças. O mundo da mente e das idéias é parte integrante da união total. É impossível alguém fundir-se a outro num plano, de forma realmente satisfatória, e manter-se separado em outros planos sem ficar em sintonia com o movimento natural para a fusão. Por exemplo, em muitos casos em que a frustração é atribuída à incompatibilidade sexual, esta pode não ser absolutamente o resultado da falta de atração física. Pode ser resultado da fusão insuficiente em qualquer dos outros níveis.
A fusão espiritual é sempre o resultado natural da fusão nos planos físico, emocional e mental. A existência de fusão nesses três níveis significa que as partes envolvidas precisam ser seres muito desenvolvidos espiritualmente, ativamente engajados ou envolvidos num caminho espiritual. Precisam estar suficientemente despertos para buscar, de forma consciente e deliberada, a verdade espiritual. Para haver fusão total ,é preciso que a meta primordial seja atingir o eu espiritual. Portanto, é verdade que a satisfação e o contentamento que todos os seres almejam só são possíveis na medida em que seu desenvolvimento espiritual já tenha avançado e continue a avançar. Esse estado é mantido na medida em que os parceiros estão em movimento e na medida em que a destrutividade tenha cedido lugar a atitudes e comportamentos construtivos, expansivos e positivos. É muito freqüente os seres humanos ficarem estagnados, sem intenção nenhuma de sair dessa situação. Nesse caso, eles ficam surpresos quando o anseio pela unidade continua insatisfeito, e põem a culpa nos outros, nas circunstâncias e na vida.
Todas as questões da vida devem, em última análise, ser relacionadas com o eu espiritual e com a realidade espiritual. As disputas só podem ser efetivamente solucionadas e conciliadas no eu espiritual, que é um só em todas as criaturas. Quando dois seres humanos se fundem, conscientes de que existe dentro deles um mundo espiritual onde podem descobrir sua unicidade. ocorre a união espiritual. O tremendo poder criativo da força sexual gerada através da união em todos os níveis tem vida própria, que se realimenta constantemente, nos aspectos positivos e negativos. Participando dessa vida, os parceiros que buscam a união colocam em movimento alguma coisa que adquire impulso próprio , como uma corrente que a personalidade humana precisa aprender a seguir.
A SEXUALIDADE REFLETE OS PROBLEMAS DA ALMA
Tudo o que existe na psique humana aparece na experiência sexual. É impossível deixar seja o que for fora. A forma real da experiência sexual, portanto, é um indicador infalível do estágio em que se encontra a psique. Ela revela em que a pessoa está liberada e unida à lei divina, onde estão o mal e a destruição, onde existe a imobilidade e estagnação, porque a destrutividade foi escondida em vez de ser trabalhada. A corrente sexual magnetiza e energiza as faces ocultas, determinando, assim, sua direção. Quando a direção é negativa e, portanto, envergonhadamente negada, o desenvolvimento negada, o desenvolvimento da pessoa e a energia vital ficam prejudicados.
A poderosa energia criativa inerente à expressão sexual gera um estado em que se manifestam todas as atitudes de caráter e todos os aspectos da natureza mais oculta. Infelizmente, os seres humanos são cegos a este fato. Até a mais avançada psicologia se esquece de que a maneira como a sexualidade se manifesta – não necessariamente na ação, mas na inclinação – revela todo o caráter da pessoa, com todas as suas atitudes, sua personalidade e tendências, problemas e impurezas, bem como sua beleza já purificada. Toda essa informação é revelada e está acessível a quem quer que saiba como e onde procurá-la.
Com demasiada freqüência, fala-se levianamente sobre as atitudes sexuais, classificando-as como saudáveis ou neuróticas, certas ou erradas do ponto de vista moral. As pessoas também se recusam a reconhecer as pistas nelas contidas. Nesse caso, as pistas são consideradas à parte do restante da personalidade, como se essas inclinações fossem apenas, uma questão de gosto, ou traços de nascença, como a cor dos olhos. Como é freqüente resolver as questões usando rótulos! Muitas vezes, a mensagem espiritual da realidade interior é totalmente desconsiderada, por mais clara e gritante que ela se mostre nas inclinações sexuais, cuja manifestação é permitida, negada ou reprimida. Se os defeitos de caráter deformam o impulso sexual, transformando-o em fantasias cruéis e destrutivas, concretizá-las é tão desnecessário como concretizar outros sentimentos destrutivos. O mesmo se aplica a qualquer sentimento assassino admitido no Trabalho do Caminho; não é preciso passar à prática para poder encarar, entender, aceitar e trabalhar esses sentimentos e reconhecer o seu significado interior.
Precisamente por ser a energia sexual tão forte é que todas as pequenas e aparentemente insignificantes atitudes que existem na personalidade humana reaparecem simbolicamente na expressão sexual. A forma de expressão sexual reflete os aspectos interiores de que a pessoa precisa muitíssimo se conscientizar. Examinem a sexualidade sob outro prisma. O que ela revela sobre vocês, no tocante à natureza não-sexual, sobre a sua pessoa, atitudes e assim por diante? Que problemas de outras áreas a sexualidade traz à tona? Sob que aspecto e de que forma ela revela a natureza purificada?
Quando os parceiros não se fundem em algum dos quatro planos, isso se torna evidente na vida. Vamos dizer que a atração, as necessidades e o desejo sejam fortes no plano físico. Vamos supor que vocês já estejam prontos para se mostrarem nesse plano, onde buscam a fusão. Mas vamos supor também que no plano emocional e/ou mental o caso seja totalmente diferente. Ali, vocês querem continuar separados e não querem dar nem arriscar, nem integrar constantemente cada um dos níveis num plano ainda mais elevado. O nível físico, então, ficará seriamente limitado, como também a natureza do impulso sexual, de alguma forma, revelará as atitudes emocionais e mentais que vocês podem continuar escondendo. Talvez vocês não façam idéia de que essas atitudes reaparecem de forma sexualidade, impregnadas e magnetizadas pela energia do sexo.
Se não for permitida a entrada na consciência dos lados negativos da psique, a experiência sexual fica bloqueada, nivelada, insatisfatória, mecânica e, nos casos mais graves, até mesmo totalmente embotada. Se a negação for eliminada, a inclinação sexual pode revelar tendências como a de sentir prazer na crueldade. Há muitas variações e detalhes que não é possível generalizar. Por exemplo, se a culpa e a conseqüente autopunição forem negadas e reprimidas, elas podem aparecer como inclinação sexual para sofrer, ser humilhado ou rejeitado. Há inúmeras possibilidades e significados. Cada fantasia sexual precisa ser redespertada e consentida, para poder ser entendida. Esta é a única maneira de fazer fluir novamente a energia sexual entorpecida mesmo que a princípio signifique viver as fantasias, na mente ou em forma de jogo, num relacionamento íntimo e estável.
Muitas vezes, a expressão sexual que desvia é bastante consciente, aceita e prazerosa, até o ponto em que esses desvios podem proporcionar prazer. No entanto, a expressão sexual não é associada ao seu significado mais profundo – a pessoa simplesmente diz que “é assim que eu sou”, e não quer renunciar a esse comportamento, convencida de que só dessa forma pode ter prazer. Essa convicção é totalmente errada; o prazer que poderia ser alcançado se a característica negativa fosse reconhecida é incomparavelmente superior, em intensidade e qualidade, e não é preciso renunciar a nada para usufruí-lo. Para mudar, é preciso, primeiro, fazer as ligações entre o traço negativo reconhecido e os aspectos não-sexuais do ser. A partir daí, desenvolve-se organicamente uma transformação natural no sentido da corrente sexual.
Vocês, que estão trabalhando nesse caminho há algum tempo, já depararam com alguns de seus aspectos negativos. Vocês podem imaginar que esses aspectos não se expressam na sexualidade? Vocês podem, por um momento que seja, supor que os aspectos negativos não se manifestam nas atitudes sexuais, e que portanto não influenciam a capacidade de se satisfazer , de se fundir , de sentir prazer ? Acreditar nisso seria realmente muito tolo. Por isso, procurem os aspectos negativos específicos que provocam manifestações específicas em vocês. Esta poderá ser uma tarefa extremamente interessante, capaz de fornecer muitas respostas. Quanto mais específicos vocês conseguirem ser, mais reveladores e revitalizantes serão as suas descobertas e o autoconhecimento.
Todos vocês sabem que estabelecer ligações entre causa e efeito é um aspecto importante da auto-avaliação e do desenvolvimento pessoal. A maior dor e dissonância da personalidade humana é provocada pelo desligamento entre causa e efeito. Nada é mais doloroso do que sofrer um efeito cuja causa é ignorada.
EXISTE CONFLITO ENTRE ESPIRITUALIDADE E SEXUALIDADE?
A dificuldade que os seres humanos têm para juntar espiritualidade e sexualidade, mesmo no terreno conceitual, deve-se precisamente ao que explicamos anteriormente – ou seja, ao fato de que o mal oculto se manifesta na expressão sexual e através dela. É por isso que, durante séculos, os ensinamentos espirituais postularam que a sexualidade é um entrave ao desenvolvimento espiritual. Numa época histórica mais primitiva, esses postulados tinham razão de ser. Nessa época, não eram totalmente errados. O estado menos desenvolvido da humanidade primitiva fazia com que as pessoas manifestassem sua brutalidade e bestialidade através do sexo. Então, a conscientização e o influxo do espírito existiam em muito menor grau. Tudo era manifestado com impunidade e hipocrisia. Os mais fortes tinham direitos e não precisavam de desculpas. A capacidade de se solidarizar com os outros era extremamente débil e rara. Num mundo desses, a força de certos impulsos precisava ser refreado para tornar possível qualquer influxo espiritual. Isso explica as longas eras em que foram usados exercícios espirituais para conter os instintos naturais. Por um lado, o desenvolvimento espiritual avançou, mas, por outro, refreou os impulsos naturais da humanidade, o que era temporariamente necessário.
Só agora a humanidade ingressa numa nova era espiritual de desenvolvimento e os seres humanos estão bastante fortes para encarar e purificar seus instintos ocultos, sem perigo de manifestá-los. No entanto, mesmo hoje dificilmente alguém conhece a tênue linha que divide, de um lado, a expressão segura, honesta e a admissão de materiais negativos, e, de outro, a manifestação destrutiva. Aqueles que estão neste caminho, são de fato pioneiros no aprendizado da importantíssima arte de fazer essa distinção. Só assim poderão unificar sua personalidade num todo, purificar todas as suas facetas e trazer à tona, com segurança, o impulso sexual, seja qual for a sua forma de manifestação. Questões do nosso tempo, como a disseminação da insensibilidade, a baixa vitalidade e a freqüência dos problemas sexuais são resultado do enclausuramento na força vital negativa, porque as pessoas não foram capazes de lidar com ela com segurança. Agora ocorre um aprendizado novo e inédito de libertação dos instintos com a finalidade de purificar e reenergizar a vida.
Se a energia da força vital se concentrar no mal não-reconhecido e não-encarado, a energia em si causa medo e a insensibilidade é preferida como o mal menor. Essa insensibilidade também é dolorosa, e o desejo de sexo pode ficar intolerável, mas o eu interior ainda está muito confuso e com medo para encarar a verdade. O mal é negado, e a personalidade pode tentar forçar artificialmente o impulso sexual, com resultados muito insatisfatórios. A pessoa pode recorrer a estimulantes artificiais e, nesse caso, a sexualidade fica ainda mais distante do resto da personalidade.
As divisões entre os níveis provocam curós-circuitos. Eles podem manifestar-se das seguintes formas: o nível emocional diz: “Não quero amar” – o que indica ódio negado. O nível mental pode dizer "Eu tenho de amar;" se não o fizer, serei mau e não terei prazer. Por isso, preciso me forçar a amar”. Outro nível mental pode dizer simultaneamente: “Você é inútil; você é mau” – como desculpa e explicação para não amar. O nível físico-sexual pode dizer: “Quero possuir você para ter prazer”. Nessas circunstâncias difíceis, a sexualidade é anulada ou funciona na forma de perversão – prazer em provocar dor, prazer em negar o eu e o outro. O sexo odioso, egoísta e cruel sempre gera culpa. Os sentimentos de culpa são então racionalizados e descartados como oriundos de uma atitude puritana, parcial e obscurantista. Mas a culpa persiste, apesar de toda a “iluminação”.
AS ORIGENS DA CULPA SEXUAL
Nada é tão perigoso como usar a poderosa energia espiritual de forma destrutiva e pervertida, seja na prática ou apenas em pensamento e intenção. Quando o assassinato e o ódio estão impregnados de sexualidade, esta se torna viciosa e contrária à espiritualidade. As pessoas manifestaram durante milênios os mais bestiais impulsos na sexualidade, dando origem à crença de que a própria sexualidade era bestial. Só agora é possível aos seres humanos considerar qualquer mal que se possa conceber, encará-lo e não agir com base nele. Atualmente, as pessoas estão bastante conscientes de quanto são corrompidas. Essa percepção nem sempre aflora, mas ela existe dentro da psique. Portanto, há relutância em ceder ao impulso sexual, pois ele pode trazer à tona o lado negativo, o mal, a destrutividade que se quer negar.
Se usarem esse procedimento, vendo e admitindo a verdade, se ampliará a visão que têm de si mesmos, farão novas ligações e se purificarão mais, e, além disso, ativarão o poder sexual, antes tão fugidio. Vocês libertarão a sexualidade, integrando-a simultaneamente ao eu espiritual – sem compulsão nem falta de senso de oportunidade, mas com naturalidade. Assim, libertarão a energia sexual do seu envolvimento negativo. Quanto mais o fizerem, menos bloqueados ficarão. Quanto mais espontâneo se tornar o movimento interior, mais revitalizante será a experiência da fusão e melhor será o funcionamento dos processos involuntários. As mais secretas fantasias sexuais, quando examinadas à clara luz da verdade pelo que realmente são, representam a libertação. Nenhuma verdade é impossível de ser admitida. Nenhuma verdade, desde que percebida com realismo, pode rebaixar o espírito e o verdadeiro eu. Assim, vocês adquirirão vida e sairão dessa insensibilidade. Ficarão livres do medo.
Os princípios masculino e feminino no universo se expressam em todos os atos da criação. Como eles se expressam entre dois parceiros e dentro deles? O princípio masculino expressa o movimento expansivo de alcançar, de dar, de agir, de iniciar, de afirmar. O princípio feminino expressa o movimento receptivo de tomar e de alimentar. Deturpado e negativo, o princípio masculino manifesta-se como agressão hostil; ele golpeia em vez de dar e alcançar. O princípio feminino, deturpado, em vez receber amor e de nutrir com ele passa a agarrar, a capturar, a roubar, a apertar, a usar artimanhas, a prender sem soltar. Esses princípios se manifestam em todo ato vital. Ambos, em harmonia e distorcidos, existem nos homens e nas mulheres. Com um mínimo de observação, podem ser facilmente detectados. Eles se manifestam como movimento de alma, que podem ou não manifestarem-se também como atos físicos.
FUSÃO TOTAL
A união harmoniosa evolui até a fusão total. A fusão total é a concretização do auge dos dois movimentos. O ponto de fusão, que vocês chamam de orgasmo, é a consumação da união de dois parceiros amorosos; a meta foi alcançada em espírito, na medida em que agora a fusão é possível para as entidades envolvidas – em qualquer ato criativo. Vocês só podem ter essa experiência criativa quando renunciarem AL lado negativo e às defesas egoístas e acolherem a espontaneidade e o movimento involuntário para a união, que emana do mais recôndito do ser. A experiência criativa continuará a ampliar-se até ocorrer à união total com o todo. A entidade, então, permanece no ponto de fusão, num gozo espiritual interminável. Mas, enquanto o universo não se completar, preenchendo o vazio com luz espiritual, o orgasmo na criação só pode ser temporário. Por conseguinte, os parceiros ficam novamente separados e continuam se esforçando cada vez mais, até que um seja tudo e tudo seja um, até que não exista mais escuridão, mas prevaleçam apenas a luz espiritual, a verdade e a beleza.
Se todos vocês pudessem saber, bem no íntimo, que têm em si um tesouro inesgotável de segurança, de amor e de luz! O único obstáculo é o pensamento, a falta de conhecimento, a falta de vontade de sentir, de saber, de considerar essa verdade. Usem essa verdade.
Amor, Luz, Paz, Gratidão e Namastê!
Love, Light, Peace, Gratitude and Namaste!
Amour, de Lumière, la Paix, Gratitude et Namaste!
Amor, Luz, Paz, Gratitud y Namaste!
الحب، والضوء، والسلام، والامتنان وناماستي!
愛、光、平和、感謝とナマステ!
Amore, Luce, Pace, Gratitudine e Namaste!
Liebe, Licht, Frieden, Dankbarkeit und Namaste!
Любовь, свет, мир, благодарность и Namaste!
Upendo, Mwanga, Amani, Shukurani na Namaste!
LOVE AND LIGHT TO ALL !
Love, Light, Peace, Gratitude and Namaste!
Amour, de Lumière, la Paix, Gratitude et Namaste!
Amor, Luz, Paz, Gratitud y Namaste!
الحب، والضوء، والسلام، والامتنان وناماستي!
愛、光、平和、感謝とナマステ!
Amore, Luce, Pace, Gratitudine e Namaste!
Liebe, Licht, Frieden, Dankbarkeit und Namaste!
Любовь, свет, мир, благодарность и Namaste!
Upendo, Mwanga, Amani, Shukurani na Namaste!
LOVE AND LIGHT TO ALL !
Publicada por RENAN ROXAN. NOAH, ETHAN, DIEGO, VLADIMIR, KADHI, ADNAN, MATSUO, RAJEEV, TIAN E ANONYMOUS. COORDENADORES MUNDIAIS. em 01:25 Nenhum comentár
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